saúde mental

Trabalho presencial? Para 38%, é melhor mudar de emprego

De acordo com a pesquisa da Robert Half, o retorno 100% presencial levaria 38% dos profissionais empregados a buscar um novo emprego

Ricardo Motta

1 de agosto de 2023

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Três anos após o início da pandemia que acarretou em profundas transformações nas relações de trabalho, a discussão a respeito do modelo ideal não chegou a um consenso e tem trazido importantes desafios. Por um lado, cresce, trimestre após trimestre, a quantidade de empresas que determinam o retorno integral aos escritórios. Por outro, há profissionais que não abrem mão da flexibilidade do modelo híbrido e que estão dispostos a buscar um novo emprego na impossibilidade de uma atividade ao menos parcialmente remota. É o que demonstram os resultados da 24ª edição do Índice de Confiança Robert Half, lançado neste mês.

O esquema de mescla de dias remotos e presenciais ainda é o preferido da maior parte dos entrevistados, tanto na visão das empresas quanto na opinião dos profissionais. Entre as companhias, 59% estão funcionando em modelo híbrido, 33% exigem a presença diária no escritório e apenas 8% seguem totalmente em home office. Do lado dos profissionais, a preferência pela modalidade híbrida é ainda maior: 76% a consideram como o modelo ideal de trabalho, enquanto 18% indicam o home office integral e somente 6% o modelo presencial full time.

“Com exceção daqueles setores que só podem atuar de modo presencial, como parte da área da saúde ou do varejo, por exemplo, nos demais, os trabalhadores anseiam por formatos flexíveis. Assim como o mundo, as pessoas mudam e o trabalho também. A modalidade de trabalho tornou-se um fator decisivo, capaz de impulsionar pedidos de demissão e mudanças de emprego em prol de mais bem-estar, qualidade de vida e saúde mental. Nota-se que os profissionais também valorizam o contato e a interação, pois preferem o modelo híbrido, não o 100% remoto”, destaca Lucas Nogueira, diretor regional da Robert Half.

De acordo com a pesquisa, o retorno 100% presencial levaria 38% dos profissionais empregados a buscar um novo emprego. Em contrapartida, ancoradas pelas justificativas de enfraquecimento da cultura organizacional, percepção de queda na produtividade dos profissionais e dificuldades com a gestão remota, vem crescendo o número de empresas que estão planejando retomar as atividades inteiramente presenciais. Em relação a essa escolha, houve um aumento percentual de três pontos no comparativo com o último trimestre.

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Fica cada vez mais evidente, no entanto, que a dificuldade de adaptação às transformações do mercado proporcionará barreiras no recrutamento de profissionais qualificados, além de obstáculos na retenção de talentos. Segundo o ICRH, 39% dos recrutadores entrevistados já estão vendo colaboradores buscarem um novo trabalho depois que a empresa decidiu pelo retorno presencial e 23% têm o receio de que isso possa acontecer no futuro.

Desemprego abaixo dos 5%

O cenário torna-se ainda mais complexo ao levar em consideração a taxa de desemprego entre os profissionais qualificados (a partir dos 25 anos com ensino superior completo). De acordo com o ICRH, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE, o índice de desocupação nessa categoria foi de apenas 4,1% ao final do primeiro trimestre de 2023. A taxa de desemprego geral, que inclui essa categoria de profissional, foi de 8,8%.

“Enxergo os últimos anos como uma comprovação de que uma boa gestão pode ser feita de perto ou longe da equipe. É a boa governança, muito mais do que a distância física entre as pessoas, que determina o nível de compromisso dos profissionais com o trabalho. O anseio por flexibilidade definitivamente veio para ficar e as empresas que contam com esse diferencial serão as mais desejadas, admiradas e reconhecidas pelos profissionais. Portanto, para contar com os melhores talentos do mercado, capacitar e adequar a gestão a essa nova realidade deve estar no topo das prioridades”, finaliza Nogueira.

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