cibersegurança; golpes, ameaças

Mais de 42 milhões são vítimas de golpes nos últimos 12 meses

Pesquisa da BioCatch mostra que nove entre 10 fraudes financeiras no Brasil ocorreram em dispositivos móveis

Redação

30 de agosto de 2024

COMPARTILHE


O número de golpes financeiros executados por meio de ligações telefônicas ou mensagens é alto no Brasil, apesar das campanhas de conscientização, e 20% dos brasileiros (ou mais de 42 milhões de pessoas) foram vítimas nos últimos 12 meses. É o que indica uma pesquisa realizada pela BioCatch, empresa especialista em fraudes digitais e prevenção de crimes financeiros, e divulgada essa semana.

De acordo com a BioCatch, 40% dos brasileiros já caíram em algum golpe do tipo em algum momento da vida. O prejuízo contabilizado é de mais de R$ 2 bilhões.

O relatório chamado Tendências em Fraudes Digitais no Sistema Financeiro – Brasil 2024 aponta que 9 em cada 10 fraudes acontecem em dispositivos móveis. A grande maioria envolve engenharia social, em que os criminosos manipulam as vítimas e fazem com que elas revelem senhas ou códigos de segurança. A maioria (82%) acontecem em horário comercial, ou seja, entre 9h e 17h.

“O dinheiro extorquido das vítimas desses golpes termina em extensas redes de contas laranjas, pelas quais os criminosos lavam o dinheiro e o utilizam. Este processo complica ainda mais os esforços para rastrear os criminosos”, diz Cassiano Cavalcanti, diretor de pré-vendas para a América Latina da BioCatch. Para ele, as instituições financeiras no Brasil e no mundo “devem fazer mais para encerrar as contas laranja, que são vitais para o sucesso de todos os tipos de fraudes e golpes”.

Leia também: Cibersegurança está entre os 3 maiores desafios das PMEs

Golpes financeiros mais comuns


O golpe da falsa central telefônica é apontado pela pesquisa como um dos mais comuns atualmente. Nele, os fraudadores se passam por representantes de bancos, através de centrais telefônicas criadas para isso, e conseguem tirar das vítimas informações pessoais e financeiras confidenciais, ou realizam transações de valores para contas laranja.

De acordo com a pesquisa, os outros dois tipos mais frequentes são roubo de dispositivos móveis e sequestro de informações por malwares.

Outro tipo de golpe destacado no estudo é o golpe do amor, ou estelionato romântico. Nele, o fraudador tenta envolver a vítima emocionalmente, o que pode incluir relacionamentos em redes sociais ou aplicativos de namoro. O fraudador consegue dados confidenciais da vítima e até recebe transferências legítimas, e depois some.

Em alguns casos, a pessoa é sequestrada e grande soma de dinheiro é exigida como resgate. Em São Paulo, as autoridades vincularam 90% dos sequestros a golpes iniciados por meio de aplicativos de namoro.

Para Cavalcanti, é preciso que haja um equilíbrio na responsabilidade pelas perdas financeiras decorrentes de tais crimes, que atualmente recaem sobre a vítima. “No Brasil, a Resolução Conjunta nº 6, estabelecida pelo Banco Central e pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), visa aprimorar a comunicação entre as instituições financeiras sobre indícios de fraudes, o que já é um sinal de proteção contra esses crimes”, diz.

Inovação e crime


O estudo da BioCatch conclui também que o Pix, que tanto facilitou as transações para todos os brasileiros, é o método mais usado pelos golpistas. Em 2022, mais de 70% do total de dinheiro perdido por vítimas de fraudes foi movimentado por essa forma de pagamento.

“Em transações fraudulentas, observa-se um pico de atividade no dispositivo do titular da conta, seguido por um novo login em um aparelho que nunca foi visto antes. Isso é engenharia social em ação. O golpista manipula a vítima com uma história falsa – mas muito crível –, coagindo-a a acessar o aplicativo de banco digital e compartilhar informações, para que o malfeitor possa realizar transferências”, explica Tom Peacock, diretor de inteligência global de fraudes da BioCatch.

Os bandidos estão sofisticando tanto seus golpes que até quem trabalha na identificação deles tem dificuldades em reconhecê-los. Bastian Flores, consultor sênior de análise de fraudes na BioCatch, conta em comunicado que quase caiu em um golpe do tipo ao receber uma ligação telefônica supostamente do banco em que é cliente. Ele conta que a ligação realmente parecia autêntica e, se não trabalhasse com isso, provavelmente teria sido vítima.

“Eu notei alguns sinais e deixei que o golpista continuasse o processo normalmente. Depois de me fazer passar por várias páginas de um site e tentar me confundir, os fraudadores me levaram a uma página que exigia uma senha. Foi aí que desliguei o telefone”, conta.

Via IT Forum

TAGS:
ciberataquescibercriminososcibersegurançatecnologia da informação

Conteúdos relacionados

Bem vindo de volta