Apenas 25% das profissionais de cibersegurança são mulheres, de acordo com o artigo “Empowering Women to Work in Cybersecurity Is a Win-Win”, do Boston Consulting Group.
Segundo a consultoria, 57% das organizações relatam que vagas de trabalho na área não foram preenchidas e que incentivo à entrada de mulheres nesse campo não só diminuiria a desigualdade de gênero no setor como também contribuiria para solucionar o gap de mão de obra especializada.
A pesquisa realizada pelo BCG, em parceria com a Ipsos, foi realizada em 26 países, com duas mil mulheres estudantes de graduação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM, na sigla em inglês), e teve como objetivo fornecer um entendimento sobre os potenciais desafios para as mulheres entrarem nas áreas de estudos STEM e seu interesse e percepções sobre as carreiras de cibersegurança.
De acordo com a pesquisa, 78% das entrevistadas disseram que o interesse na área de exatas foi despertado no ensino médio, o que, de acordo com a análise do BCG, já é um ponto crítico. Já 82% afirmaram ter algum ou muito conhecimento sobre segurança cibernética, e 37% disseram encarar a profissão como difícil de proporcionar um bom equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, de render um bom salário, e não veem como a área contribui com a sociedade.
A pesquisa do BCG mostrou, ainda, a importância de lideranças inspiradoras: para 70% das entrevistadas que afirmaram saber algo sobre segurança cibernética disseram ter uma pessoa como modelo, que as inspirou a se aprofundarem no assunto.
Questões culturais e sociais
A análise do BCG sugere que não é o acesso à informação que impede mulheres de entrarem na área de cibersegurança, mas sim questões culturais e sociais, como as responsabilidades da vida doméstica, que limitam a capacidade dessas profissionais de se desenvolverem e alavancarem suas carreiras.
Onde começa a mudança
Para mudar o cenário, o BCG faz algumas sugestões:
• Pipeline de talentos: dar às mulheres maior acesso à educação em segurança cibernética ampliaria o pipeline de talentos. Também é preciso despertar o interesse das meninas no ensino fundamental e desmistificar a carreira na área de segurança cibernética como exclusiva de homens e tecnologicamente elitista.
• Recrutamento: é preciso garantir que as mulheres sejam incluídas e tratadas com igualdade, e evitar procurar pessoas semelhantes aos atuais funcionários — maioria formada por homens — o que pode excluir as mulheres, principalmente as mais jovens.
• Retenção: o foco na retenção de mulheres na segurança cibernética deve abordar compensação, preconceitos de gênero e mais. A promoção de uma cultura no local de trabalho inclusiva e a implementação de políticas de diversidade, equidade e inclusão são os principais fatores para a retenção de funcionárias.
• Avançar: Mover as pessoas para cargos de liderança — e fazê-lo de forma equitativa. Mentores são cruciais para o avanço delas para cargos de liderança em segurança cibernética e para ajudá-las a navegar no setor em geral e construir perspicácia nos negócios.
O estudo completo, em inglês, pode ser lido no site do BCG.