Como será o futuro do trabalho? Quais profissões vão desaparecer e quais serão mais promissoras? Algumas dessas respostas estão no relatório O Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com o apoio da Fundação Dom Cabral nas pesquisas de opinião executiva. Um spoiler do que vem por aí: as profissões em alta envolvem tecnologia e sustentabilidade. Mas antes disso, vale entender um pouco mais sobre o assunto.
De acordo com o relatório, ao todo, 23% das ocupações no mercado de trabalho devem se modificar até 2027. Em uma base de dados que analisa 673 milhões postos de trabalho há, neste período, a expectativa de 69 milhões de empregos criados, liderados principalmente pela transição verde e pela transformação tecnológica. Contudo, 83 milhões postos poderão ser eliminados neste mesmo período, o que corresponde a uma redução líquida de 14 milhões de postos de trabalho, ou 2% do emprego atual.
Segundo a análise, os avanços tecnológicos -a exemplo da Inteligência Artificial e Big Data – as transformações nas cadeias de suprimentos, mudanças no perfil dos consumidores e a transição verde são fatores que têm impulsionado alterações no mercado de trabalho. No entanto, o aumento do custo de vida, desaceleração do crescimento econômico e tensões geopolíticas acarretam perdas de postos de trabalho, além da adoção de tecnologias que comprometem a continuidade de certas profissões.
“Os empregos que mais crescem são de especialistas em IA e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação, mas o maior crescimento em números absolutos é esperado em educação, agricultura e comércio digital”, diz o comunicado sobre o relatório que considera o período de cinco anos (2023-2027).
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Novas tecnologias e ESG
Durante a pesquisa de opinião, executivos responderam sobre quais macrotendências seriam as mais prováveis ou crescentes nos próximos 5 anos. O crescimento da adoção de novas tecnologias de fronteira (86,2%), a ampliação do acesso digital (86,10%) e da aplicação de padrões ESG (80,6%) foram os mais selecionados pelos executivos.
Big data lidera o ranking de tecnologias vistas como criadoras de empregos no Brasil e no mundo, com 51% dos entrevistados brasileiros esperando o crescimento do emprego em papéis relacionados. O emprego de analistas e cientistas de dados, especialistas em big data, em IA e aprendizagem de máquina e profissionais de segurança cibernética devem crescer em média 30% até 2027 no mundo.
As tecnologias com maiores capacidades em gerar novos empregos conforme pesquisa qualitativa aplicada no Brasil são: big data, plataformas e aplicativos digitais, tecnologias de educação (LMS – learning management systems), criptografia e segurança cibernética, e tecnologias de suporte e facilitação do comércio digital.
Profissões em alta
Agora, sim, após essa contextualização, vamos às profissões em alta. De acordo com o report, as funções que mais crescem são impulsionadas pela tecnologia, digitalização e sustentabilidade.
Entre os novos postos de trabalho gerados, destacam-se:
- Especialistas em IA e aprendizagem de máquina;
- Especialista em sustentabilidade;
- Analista em Inteligência de negócios;
- Analista de Segurança da Informação;
- Engenharia de Fintechs;
- Cientistas e analistas de dados;
- Engenharia de robótica;
- Especialista em Big Data;
- Operadores de equipamentos agrícolas;
- Especialistas em transformação digital.
Apenas duas tecnologias não devem apresentar saldos positivos de empregos nos próximos cinco anos: robôs humanóides e robôs não humanóides. Apesar do saldo positivo geral dessas tecnologias, mudou pouco, desde a última edição do relatório (2020), a percepção de que as tarefas se tornaram mais automatizadas.
Segundo o relatório, espera-se que os empregos na educação cresçam cerca de 10%, levando a 3 milhões de empregos adicionais para professores de educação profissional e professores universitários. Espera-se também que empregos para o setor agrícola, especialmente Operadores de Equipamentos Agrícolas, Niveladoras e Classificadoras, tenham um aumento de 15% a 30%, levando a mais 4 milhões de posições.
Em atividades habilitadas digitalmente, como especialistas em comércio eletrônico, especialistas em transformação digital e especialistas em estratégia e marketing digital, a expectativa é de um crescimento de 2 milhões de postos de trabalho.
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Outras profissões com potencial de crescimento são:
- Mecânicos e reparadores de máquinas
- Profissionais de desenvolvimento de negócios
- Operários de construção em estrutura metálica
- Professores universitários e do ensino superior
- Engenheiros eletrotécnicos
- Trabalhadores de chapas e estruturas metálicas, moldadores e soldadores
- Professores de educação especial
Segundo o relatório, os principais postos de trabalho que devem desaparecer são:
- Caixas de banco e funcionários relacionados,
- Funcionários dos Correios,
- Caixas e cobradores
- Escriturários de entrada de dados
- Secretários administrativos e executivos
- Assistentes de registro de produtos e estoque
- Escriturários de contabilidade
- Legisladores e oficiais judiciários
- Atendentes estatísticos, financeiros e de seguros
- Vendedores de porta em porta, ambulantes e trabalhadores relacionados
As organizações pesquisadas preveem 26 milhões de empregos a menos até 2027 impulsionadas principalmente pela digitalização e automação.
O relatório
A 4ª edição do relatório analisa 45 economias por meio de dados estatísticos, a exemplo de alguns fornecidos pelo LinkedIn e Coursera, além da pesquisa de opinião executiva que alcançou 803 empresas de 27 diferentes setores e que, juntas, são responsáveis por mais de 11 milhões de postos de trabalho no mundo.
O objetivo do estudo é acompanhar o impacto da 4ª Revolução Industrial no mercado de trabalho, identificando a escala potencial de rupturas ocupacionais e estratégias para capacitar ocupações em declínio para assumir papéis emergentes. O Futuro do Trabalho 2023 oferece insights sobre essas transformações e revela como as empresas, gestores públicos e educadores devem navegar por essas mudanças no cenário 2023-2027. Fatores políticos, ambientais, sociais e econômicos impactam fortemente na maneira em que o mercado de trabalho se molda, seja por novas estratégias das empresas ou por novas demandas e prioridades por parte dos trabalhadores.