Um estudo feito por um grupo de psiquiatras liderados por Carmita Abdo, psiquiatra e professora da Universidade de São Paulo (USP), com apoio do Laboratório Cristália, mapeou 13 transtornos mentais ocasionados pelo uso abusivo da tecnologia. O estudo faz parte de uma campanha – chamada #cancele o estigma, não as pessoas – criada há três anos para abordar temas de saúde mental relacionados ao tema.
O estudo, chamado O impacto da Tecnologia na Saúde Mental, indica que o Brasil ocupa a segunda posição mundial em tempo de tela, com cerca de 56% do tempo gasto em atividades cibernéticas, como redes sociais, buscadores ou trabalho em frente ao computador.
“Torna-se urgente prestar atenção nos novos comportamentos gerados pelo uso abusivo da tecnologia, pois há cada vez mais pessoas em um ciclo vicioso que intensifica transtornos já bem conhecidos, como a depressão, a ansiedade e a compulsão”, diz Carmita Abdo. “Nunca buscamos tanta felicidade e nunca produzimos tanta tristeza. É quase uma pandemia silenciosa.”
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Outro levantamento, do Eletronics HUB, website especializado em informações sobre tecnologia, indica que das nove horas que os brasileiros gastam por dia em frente às telas, quatro são em redes sociais. O vício nelas já produziu comportamentos como o FOMO (Fear of Missing Out), que é o medo de não conseguir acompanhar as atualizações, e a Depressão do Facebook, causada por interações sociais (ou a falta delas) por meio das redes.
“Cancelar o estigma em torno dos transtornos mentais é vital para promover o bem-estar, pois o estigma pode desencorajar as pessoas de buscar ajuda, levando ao agravamento dos sintomas e ao sofrimento desnecessário”, explica Milton Prado, diretor comercial de varejo do Cristália. “Além disso, é importante para garantir o acesso adequado aos tratamentos necessários, pois o estigma pode impedir as pessoas de acessarem recursos e serviços de saúde mental, resultando até mesmo em consequências graves, como o suicídio.”
Veja abaixo os 13 comportamentos relacionados ao uso abusivo de tecnologia:
GAMING DISORDER: condição reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que afeta indivíduos que excedem o uso dos games, seja no celular, computador ou videogame;
FOMO (FEAR OF MISSING OUT): medo de não conseguir acompanhar as atualizações;
JOMO (JOY OF MISSING OUT): prazer e contentamento em se desconectar das redes sociais e atividades online, buscando momentos de paz e tranquilidade;
NOMOFOBIA (NO MOBILE FOBIA): refere-se ao medo extremo ou ansiedade de ficar sem o celular ou estar desconectado;
SELFITIS: obsessão de tirar selfies constantemente e compartilhá-las nas redes sociais, sendo considerado um comportamento compulsivo;
PHUBBING: a prática de ignorar a companhia de outras pessoas em favor do uso do celular, prejudicando a interação social presencial;
VÍCIO EM TECNOLOGIA OU DEPENDÊNCIA DIGITAL: uso excessivo e compulsivo de dispositivos eletrônicos e tecnologia, afetando negativamente a vida diária e a saúde mental;
SÍNDROME DO TEXTO FANTASMA: angústia de não receber resposta após enviar uma mensagem de texto ou ser ignorado, gerando ansiedade e insegurança nas relações virtuais;
CYBERCHONDRIA: tendência de pesquisar sintomas de doenças na internet, levando a uma interpretação exagerada e ansiosa dos resultados;
FADIGA DE DECISÃO DIGITAL: cansaço e sobrecarga mental causada por ter que tomar constantes decisões relacionadas ao uso da tecnologia e às interações online;
NÁUSEA DIGITAL: desorientação ou vertigem causada pelo excesso de interação com ambientes digitais;
TOQUE FANTASMA: sensação de ouvir e/ou sentir toques ou vibrações de celular mesmo com ele desligado ou longe do alcance;
DEPRESSÃO DO FACEBOOK: depressão causada por interações sociais (ou a falta) através das redes.