Quais serão as competências requeridas no futuro? Nos próximos cinco anos (2023 -2027) o mercado de trabalho não passará apenas pelas transformações em suas profissões e posições nas empresas, mas também nas habilidades exigidas para encarar esses novos postos. As informações são do relatório O Futuro do Trabalho 2023, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com o apoio da Fundação Dom Cabral nas pesquisas de opinião executiva.
De acordo com o relatório, os empregadores estimam que 44% das habilidades dos trabalhadores serão alteradas nos próximos cinco anos e que 60% da atual força de trabalho irá demandar treinamento antes de 2027. Contudo, as expectativas é de que apenas metade dos trabalhadores terão acesso a um treinamento adequado. O estudo também traz as competências mais importantes exigidas, segundo média global, para os trabalhadores em 2023.
Conheça as 10 principais competências:
- Pensamento Analítico
- Pensamento Criativo
- Resiliência, flexibilidade e agilidade
- Motivação e autoconhecimento
- Curiosidade e aprendizado contínuo
- Letramento tecnológico
- Confiança e atenção aos detalhes
- Empatia e escuta ativa
- Liderança e relacionamento interpessoal
- Controle de qualidade
As empresas pretendem priorizar o pensamento analítico e criatividade nos treinamentos e “re-treinamentos” de seus funcionários, além do uso de IA e Big Data (priorização em 42% das empresas). Essas possuem expectativas de retorno dentro do prazo de um ano após realização do investimento por meio da elevação de produtividade de sua força de trabalho via satisfação profissional e/ou melhoria em suas habilidades. O número de empresas que pretendem investir no capital humano e automação de processos alcança 80%, tendo prioridade mulheres (79%), jovens menores de 25 (68%) e pessoa com deficiência (51%).
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O mercado de trabalho brasileiro 2023-2027
No Brasil, executivos esperam que 53% das habilidades exigidas pela força de trabalho permaneçam as mesmas. As habilidades mais priorizadas para requalificação e qualificação nos próximos cinco anos no país serão:
- Inteligência artificial e Big Data;
- Pensamento criativo;
- Resiliência, Flexibilidade e agilidade
- Pensamento analítico.
A visão dos executivos brasileiros difere parcialmente da resposta média global.
No que tange às políticas públicas do governo que visem aumentar a disponibilidade de talentos no mercado de trabalho, 45% das empresas veem o financiamento para treinamento como uma intervenção eficaz disponível, seguido pela flexibilidade nas práticas de contratação e demissão (33%), incentivos fiscais e outros para as empresas melhorar os salários (33%), melhorias no sistema escolar (31%) e mudanças nas leis de imigração em talento estrangeiro (27%).
O Brasil possui cerca de 136 milhões de pessoas economicamente ativas, mas apenas 17% da força de trabalho possui um diploma de educação de nível superior ou vocacional. A taxa de desemprego se encontra no patamar de 10%, enquanto 23% dos jovens não trabalham nem estudam. Em meio a desafios econômicos e estruturais como esses, o progresso tecnológico e pautas ESG ainda fomentam diversas mudanças no mercado de trabalho brasileiro, similar ao resto do mundo, e que enfrenta diversos problemas, incluindo ausência de talentos qualificados e desemprego estrutural.
As tendências globais impactarão fortemente na criação ou destruição de empregos no Brasil. As funções mais selecionadas no Brasil pelas organizações pesquisadas conforme saldo líquido positivo de empregos são analistas e cientista de dados (31%), Profissionais de desenvolvimento de negócios (25%), Gerente de operações (13%) e advogados (13%). Entre as habilidades exigidas, as relacionadas a aspectos cognitivos, de autoeficiência e de competências tecnológicas são fundamentais para performar bem em funções nas organizações.
Segundo os executivos brasileiros, para contornar o problema de baixa disponibilidade de mão de obra qualificada, é necessário a adoção de algumas práticas com o intuito de elevar a disponibilidade de talentos na economia. A prática mais selecionada foi a melhora no processo de promoção e progressão de carreira (55% das organizações respondentes), seguida pelo fornecimento de requalificação e qualificação eficazes (32%) e melhor articulação do propósito e impacto do negócio (31%). Nesse contexto, a proposta de qualificação e requalificação é comumente financiada pela própria organização, seguida por treinamentos gratuitos e de financiamento via parcerias público-privadas.