Nesses últimos dois anos, temos vivido uma série de transformações em decorrência da pandemia de covid-19. Como abordamos anteriormente, essa mudança no mundo tem moldado o ambiente corporativo e as relações de trabalho.
Mas nada pode ser transformado sem uma nova atuação das corporações. Deixar para trás um passado de neutralidade e assumir posicionamentos sobre questões políticas sociais e ambientais é algo cada vez mais exigido tanto por consumidores como por colaboradores. Além disso, um novo olhar sobre a responsabilidade da empresa em questões como saúde do colaborador e desenvolvimento de carreira tem sido cada vez mais discutidas dentro das organizações. Essa nova atuação das empresas é o último tema abordado em Futuro do Trabalho – 20 tendências para você e sua empresa navegarem, realizado pelo ManpowerGroup em parceria com O Futuro das Coisas.
Dentro da temática “Novos papéis das empresas” serão abordados cinco tendências: da neutralidade para o posicionamento: organizações precisam se posicionar sobre questões sociais; toda empresa deve ser uma empresa de saúde; catalisando o desenvolvimento humano; a nova contabilidade das empresas; a liderança do futuro. Também fazem parte do estudo outras quatro grandes áreas: questões demográficas; ascensão das escolhas individuais; novas configurações do trabalho; revolução tecnológica.
Confira 5 tendências sobre os Novos papéis das empresas:
1)Da neutralidade para o posicionamento: organizações precisam se posicionar sobre questões sociais
O aumento da tensão social e de demandas por igualdade racial e social têm impacto cada vez mais a sociedade e as corporações não podem mais ficar à margem dos acontecimentos. Um exemplo de como as empresas começaram a se posicionar é o caso George Floyd, ocorrido no Estados Unidos. Empresas como Nike, Intel e outros grandes grupos engrossaram o coro do Black Live Matters se posicionando contra o racismo. De acordo com o estudo, novos valores emergentes, mais coletivos e pautados na igualdade social e racial, além da responsabilidade climática, estão sendo cada vez mais os motores para provocar mudanças na postura das empresas, que serão cobradas por suas ações – e também pela falta delas. Não aderir a um posicionamento, inclusive, pode resultar em enfraquecimento da marca perante ao consumidor e impactar os negócios. Pesquisa “Global Consumer Pulse”, da Accenture Strategy, mostrou que 76% dos entrevistados disseram que suas decisões de compra são influenciadas pelos valores propagados pelas marcas e pelas ações de seus líderes.
2) Toda empresa deve ser uma empresa de saúde
A pandemia de covid-19 colocou a saúde da população mundial em xeque. Para as empresas, a preocupação com a saúde dos funcionários ganhou novos contornos diante desse novo evento, afinal, há um grande impacto também na força de trabalho. “Com o avanço da COVID-19 e a noção de que não retornaremos ao que éramos antes, muitas empresas, então, estão colocando a saúde no topo de suas agendas, reformulando espaços e criando uma estrutura interna e externa para planejar, direcionar e agir na gestão do bem-estar dos colaboradores, inclusive, já preparados para futuras novas pandemias”, pontua o relatório.
3) Catalisando o desenvolvimento humano
Já falamos que toda empresa será uma empresa de saúde. Para além desse foco, é preciso dizer também que a educação e o desenvolvimento humano serão cada vez mais responsabilidade das companhias. Isso porque há uma escassez geral de talentos, ao mesmo tempo que há uma transformação enorme nas profissões e nas atividades exigidas no mundo do trabalho. Para se ter uma ideia, cerca de 40% das habilidades do trabalhador médio precisarão ser atualizadas para atender às demandas dos futuros mercados de trabalho. O relatório Future of Jobs 2020, do Fórum Econômico Mundial, destaca a crescente urgência de apoiar trabalhadores que estão sendo deslocados ou que estejam em risco ao mesmo tempo em que consigam se qualificar para “os empregos do futuro”. Diante deste cenário, investir na qualificação e no desenvolvimento dos colaboradores se mostra como grande tendência para as corporações.
4) A nova contabilidade das empresas
O sucesso das empresas já foi medido pelo lucro, apenas por ele. De alguns anos pra cá, as organizações têm sido pressionadas a também medir o próprio sucesso pela atuação da marca em questões sociais e ambientais. As ações de ESG começaram a impactar o valor das empresas não só diante dos consumidores e como marca empregadora, mas também na bolsa de valores. Além disso, algumas empresas começaram a fazer essa contabilidade de impacto social e ambiental também em relatórios. “Contabilizar os impactos da empresa – sociais e ambientais – nos relatórios financeiros faz com que estes sejam quantificáveis e comparáveis, apresentando detalhes necessários para a tomada de decisões de gestores e de investidores, além de permitir uso de ferramentas de análises financeira que favoreçam a análise do desempenho corporativo. E o principal: promove transparência e coloca luz nas responsabilidades das empresas em relação aos problemas enfrentados pela sociedade. Entramos em uma nova era que pode remodelar o capitalismo e mudar para sempre o significado sobre o que é uma empresa de sucesso”, destaca o relatório.
5) A liderança do futuro
Colocar essas tendências ou lidar com esses cenários desafiadores apresentados pelo relatório depende – e muito – do topo da liderança. Mas será que nossos líderes estão preparados? De acordo com o relatório, há ainda algumas lacunas na formação dessa liderança como a necessária mudança do perfil do líder “herói” para um papel mais humilde e resiliente diante de um cenário de constante mudanças. Uma liderança que encarne novos valores também é necessária. É preciso trabalhar e engajar pelo propósito; abraçar a diversidade e a inclusão; fomentar a cultura de aprendizagem e fazer parte dela; e conhecer as pessoas que formam a equipe para poder ajudá-las, com empatia, em suas jornadas profissionais. “O líder e a líder que guiarão pessoas e organizações para o progresso e o futuro são aqueles e aquelas que têm compromisso genuíno com a sociedade e com o planeta, visão tecnológica e digital e buscam o desenvolvimento humano, se conectando com pessoas na forma de se comunicar, em seus gestos e em suas ações. Liderar é arte e cada líder tem um quadro para ser pintado – em muitas cores”, destaca o relatório.
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