Nos últimos dois anos, o mundo passou por grandes transformações em decorrência da pandemia de covid-19. Após esse período, emergimos para uma sociedade totalmente transformada, digitalizada, cheia de complexidades e com novos desafios que, obviamente, também são sentidos no mercado de trabalho.
Não há como negar que a relação com o trabalho mudou. O home virou office e muitas vezes o office virou home diante de uma transformação rápida e abrupta no modelo presencial de trabalho -claro que estamos abordando justamente aqueles setores nos quais a implantação do teletrabalho foi e é possível.
Neste contexto de mudanças, novas demandas profissionais surgiram e ela têm um vínculo muito forte justamente com a vida pessoal. Essas novas demandas são abordadas no estudo Futuro do Trabalho – 20 tendências para você e sua empresa navegarem, realizado pela ManpowerGroup em parceria com O Futuro das Coisas. As tendências são divididas em cinco grandes áreas: questões demográficas, ascensão das escolhas individuais, novas configurações do trabalho, revolução tecnológica e os novos papeis das empresas.
Na primeira parte, apresentamos as tendências demográficas. Agora é a vez de apresentar a ascensão das escolhas individuais no mercado de trabalho. Confira:
1) Mais flexibilidade, autonomia e escolha para os indivíduos
Após dois anos de pandemia, os profissionais enxergam o mercado de trabalho de uma nova forma. Novas demandas se tornaram essenciais e, muitas vezes, são condições cruciais para manter o vínculo atual ou aceitar uma nova proposta de emprego. Para se ter uma ideia, a maioria dos trabalhadores prefere ir de 2 a 3 dias por semana ao local do trabalho, e 8 em cada 10 quer mais equilíbrio entre trabalho e família.
“A flexibilidade que veio com a jornada remota é algo que a grande maioria das pessoas não quer abrir mão, mesmo após a possibilidade de retorno presencial. Elas esperam conseguir a melhor combinação e equilíbrio entre trabalho e responsabilidades domésticas”, destaca o estudo.
Eles também apontam para importância de os empregadores ouvirem e acolherem as novas demandas, uma vez que enfrentamos um momento de escassez de talentos em vários setores.
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2) Saúde mental tão importante quanto a física
Até 2030, a OMS projeta que a depressão será a principal causa de invalidez, ultrapassando problemas como doenças cardíacas e neurovasculares. Uma pesquisa da FGV-SP, também mostrou como os profissionais sentiram o impacto da pandemia na saúde mental: 45,8% dos 464 entrevistados reportaram aumento da carga de trabalho após o isolamento. Para 34%, foi difícil ou muito difícil manter a motivação, e para 36% foi difícil ou muito difícil seguir com a mesma produtividade. No caso das mulheres, o cenário é ainda pior: 79% afirmaram ter sintomas de ansiedade pelo desafio imposto de conciliar trabalho, maternidade e tarefas da casa.
Para lidar com esse cenário, o estudo orienta as empresas a implementar um sistema de apoio (seja uma linha direta, terapeutas, psicólogos, grupos de apoio, dentre outros). Também é importante preparar a liderança para elas consigam lidar e acolher os colaboradores que estejam enfrentando algum tipo de questão psicológica e/ou emocional, garantindo um ambiente inclusivo e segura.
3) Mais ética e transparência
No Brasil, a pesquisa da Accenture Strategy, “Global Consumer Pulse”, aponta que 83% das pessoas dão preferência para comprar de marcas que estão alinhadas aos seus valores de vida. Os consumidores também estão mais exigentes ao cobrar posicionamentos das empresas, estas, por sua vez, estão cada vez mais expostas a crises de imagem que se espalham rapidamente nas redes sociais. Se a empresa vai na contramão de valores e visões defendidas por alguns consumidores, elas provavelmente perderão esses clientes.
Mas, para além disso, um risco na reputação de uma companhia também custa caro do ponto de vista de marca empregadora. “As empresas precisam de um endosso autêntico dos colaboradores. Mesmo aquelas mais robustas podem precisar se posicionar se um ou mais profissionais se pronunciarem sobre um episódio delicado..”, diz o relatório.
As pessoas, por sua vez, também querem sentir orgulho da empresa onde trabalha. Aliás, marca forte Marca forte, reputação sólida, ótimo lugar para trabalhar e uma oportunidade de impactar o mundo estão entre as dez principais razões para se fazer parte de uma organização, de acordo com o estudo.
4) Aprendizado intencional
Num mercado de trabalho cada vez mais competitivo e inserido num contexto de rápida transformação tecnológica, a educação formal dá lugar para o aprendizado em qualquer lugar e a demanda por novas habilidades e conhecimentos que ultrapassam as fronteiras de uma escola ou universidade.
A aprendizagem intencional, abraçada pelo conceito mais amplo de aprender ao longo da vida (lifelong learning), é aquela que busca em cada vivência e no cotidiano novos conhecimentos e atualizações. Em outras palavras, é estar sempre aprendendo com as experiências e com o dia a dia, mas com o pensamento voltado para construção deste aprendizado.
“Os aprendizes intencionais entendem o processo de aprendizagem não como um fluxo separado ou um esforço extra. Em vez disso, é uma forma de comportamento quase inconsciente e reflexiva”, diz o relatório. Neste sentido, o relatório também aponta para as habilidades humanas que irão complementar as tecnologias, o que inclui as soft skills, como trunfo para reduzir a ameaça da substituição pela automação.
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